A Origem do Ano Bissexto
Você sabia que não é sempre de 4 em 4 anos que temos o ano bissexto?
A origem da expressão bissexto foi uma conseqüência da adoção do Calendário Juliano em 45 a.C. quando Júlio César fez várias modificações no irregular Calendário Romano de Numa Pompilio: Februarius (fevereiro) ficou com 29 dias e que, a cada três anos, seria de 30 dias. Após o ano 8 d.C., a cada quatro anos.
Como os romanos dividiam o mês em Calendas (primeiro dia do mês), Nonas (dia 5º ou 7º dia mês) e Idos (13º ou 15º dia do mês)1, coincidentes com fases lunares, ao passar dos Idos e próximo ao final do mês eles se expressavam em linguagem regressiva dizendo algo como: faltam 6 dias para as Calendas de março, faltam 5 dias para as Calendas de março… e também eles o faziam de forma inclusa, …faltam 4 dias, faltam 3 dias, dia anterior e dia (Calendas, por exemplo). Ficaram célebres os idos de março do ano 44 a.C., data em que foi assassinado Júlio César às mãos de Brutus e outros conspiradores.[1]. Naquela época era mais importante contar desta forma, pois, ela representava as fases lunares as quais eram muito mais significativas para a vida cotidiana da população.
Com esta forma de contagem, e não pela numeração seqüencial que hoje usamos, nesses anos de 366 dias, o mês de Februarius teria então dois dias "Ante die VI (sextum) Kalendas Martias" (2 dias 6 antes do 1º de março), sendo daí a origem da expressão "bis sextum", hoje por nós conhecidos como anos bissextos. Transposta e obedecida esta forma de contagem, hoje seria algo equivalente ao mês de Fevereiro ter dois dias 25.
O dia era inserido após o sexto dia antes das Calendas de março e com isto este mês tinha dois dias ante diem sextum kalendas martias, ou seja, era um ano "bis sextum". Isso também explica que o dia extra do mês de Februarius era inserido no 25° dia e não no 29°.
Após 8 d. C., com a alteração de César Augusto da regra do "bis sextum" de três em três anos para de quatro em quatro anos e após ser retirado um dia de Februarius que ficou com 28 dias, a expressão à época para o final deste mês Februarius, nos anos de 366 dias, ficava da seguinte forma:
7° dia antes das Calendae de março (ante diem septimum kalendas martias) = 23 de fevereiro
6° dia antes das Calendae de março (ante diem sextum kalendas martias) = 24 de fevereiro
5° dia antes das Calendae de março (ante diem sextum kalendas martias) = 25 de fevereiro
4° dia antes das Calendae de março (ante diem quintum kalendas martias) = 26 de fevereiro
3° dia antes das Calendae de março (ante diem quartum kalendas martias) = 27 de fevereiro
2° dia antes das Calendae de março (ante diem tertium kalendas martias) = 28 de fevereiro
o dia antes das Calendae de março (pridiem kalendas martias) = 29 de fevereiro
Calendae de março ( primus kalendas martias) = 1º de março
O que mostra que após a modificação feita por César Augusto em 8 d. C., nos anos de 366 dias o mês de Februarius possuía o equivalente a ter dois dias 24 em função da forma de contagem que à época era praticada pelos romanos.
Considerações astronômicas
O fundamento dos anos bissextos rege-se através da astronomia no sentido de se corrigir o início dos calendários solares com o início do ano trópico. O ano trópico da Terra ao redor do Sol é de, aproximadamente 365,242190 dias. Dessa forma a aproximação dos anos bissextos dos Calendários Juliano e Gregoriano são uma forma de corrigir pequenas diferenças acumuladas.
Calendário Gregoriano
Estabeleceu-se para o calendário gregoriano que seriam anos bissextos todos os anos múltiplos de 4, exceto se, sendo um ano múltiplo de 100 (como 1700, 1800 (…)), não fosse também múltiplo de 400 (1700, 1800 e 1900 não forma anos bissestos. Mas o ano 2000 foi). Na prática isso significa que há 97 anos bissextos a cada 400 anos. Portanto a duração média de um ano de acordo com o calendário gregoriano (Tg) é:
Tg = 365 + 1/4 - 1/100 + 1/400
Tg = 365 + 97/400
Tg = 365,2425
Então a diferença entre 1 ano trópico e Tg é:
Dg = ano trópico - Tg
Dg = 365,242190 - 365,242500
Dg = - 0,00031
Ou seja, ainda há um erro mas é muito menor que o proporcionado pelas regras do calendário juliano. Nessa nova regra adotada pelo calendário gregoriano o erro de 1 dia de atraso ocorrerá só depois de mais de 3000 anos.
Org: Marcio Malacarne
Fontes:
- Roberto Boczko, "A Astronomia e os Calendários", https://www.youtube.com/watch?v=54_UidCpIKU
- https://pt.wikipedia.org/wiki/Ano_bissexto