Observatório do Clima na Escola Estadual de Dores do Rio Preto
A Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Pedro de Alcântara Galvêas, localizada na sede do município de Dores do Rio Preto, na região do Caparaó, está desenvolvendo atividades de monitoramento das chuvas, temperatura, umidade relativa do ar, observação das nuvens, analisando a previsão do tempo e realizando interpretações de imagens de satélite como as movimentações de massas de ar. Inicialmente o projeto foi nomeado como Estação Pluviométrica, depois como Estação Climatológica e agora como Observatório do Clima, sob a coordenação do professor Luiz Henrique Vieira e Mariana Vilhena de Faria.
O trabalho iniciou-se em 2019 quando a escola adquiriu um pluviômetro objetivando contribuir com as aulas de Geografia e demais disciplinas de contato. O instrumento é usado para medir a quantidade de precipitação diária e foi instalado em um lugar alto e aberto da escola, amarrado em uma estrutura de bambu, possibilitando, então, o armazenamento da água da chuva. Além do monitoramento de fenômenos meteorológicos, diversas aulas são realizadas com o intuito de compreender o clima da região, dentre elas saídas de campo para o Parque Nacional do Caparaó, onde é possível perceber a elevação dos índices pluviométricos e características de microclima, efeito direto da presença da floresta que contribui também com a intensa evapotranspiração.
A medição da precipitação é realizada diariamente por estudantes e professores, envolvendo ainda outros funcionários que se encarregam das tarefas ao longo dos finais de semana, férias e, também durante a quarentena, acumulando registros dos últimos dois anos. Os dados coletados são registrados em fichas fixadas no mural do observatório, produzindo climogramas que, ao final de cada mês, revelam o valor total precipitado e a média de temperatura. A partir destes temas, é possível também desenvolver noções de Informática, Biologia e de Matemática, intensificando o caráter interdisciplinar das atividades. Dessa forma, temas como urbanização, industrialização, biomas, ecossistemas, uso e ocupação dos solos, agricultura e climatologia são discutidos em sala de aula, relacionando-os a dinâmica de dados da estação.
Além disso, as fichas trazem também o nome do local de coleta, a altitude, os horários das medições e o clima predominante. Os dados são registrados todos os dias, às 7 horas da manhã, com exceção dos finais de semana, nos quais muitas vezes o acumulado medido é colhido na segunda-feira seguinte. Ao longo do período de realização do projeto, foram registradas altas taxas de pluviosidade nos meses de verão, resultando inclusive em enchentes que atingiram parte da escola. Essa enchente histórica é um exemplo de fenômeno meteorológico extremo, sendo uma das características das mudanças climáticas atuais.
A amplitude térmica é trabalhada através das temperaturas mínimas e máximas ocorridas diariamente, além da variação da umidade, medida pelo termo-higrômetro. No mês de setembro, por exemplo, observamos as menores taxas do ano, com a umidade relativa do ar sendo registrada na casa do 30% por volta de meio dia ou início das tardes. No mural do observatório, os estudantes divulgam ainda notícias, charges, gráficos ou desenhos relacionados à dinâmica do tempo e do clima da região e do mundo.
Pretende-se também realizar uma parceria entre a escola e a UFES, via o observatório astronômico (GOA). O GOA tem registros primários de dados coletados no Parque Nacional do Caparaó, nos ponto da Casa Queimada e Tronqueira, durante o período de 2012 a 2016.
Desta forma, pretende-se estudar o clima de maneira mais precisa, em altitudes de 2200 metros e na região do entono, cerca de 800 metros, utilizando registros das estações de Ibitirama e Alto Caparaó, que são limítrofes do Parque. Este estudo poderá ser útil, por exemplo, para a agricultura, o turismo e a observação astronômica.
Luiz Henrique Vieira Mariana Vilhena de Faria e Marcio Malacarne